Veterano
(Everton Ferreira)
Está findando o meu tempo
A tarde encerra mais cedo
Meu mundo ficou pequeno
E eu sou menor do que penso
O bagual ta mais ligeiro
O braço fraqueja às vezes
Demoro mais do que quero
Mais alço a perna sem medo
Encilho o cavalo manso
Mas boto o laço nos tentos
Se a força falta nos braços
Na coragem me sustento
Se lembro os tempos de quebra
A vida volta pra trás
Sou bagual que não se entrega
Assim no más
Nas manhãs de primavera
Quando vou parar rodeio
Sou menino de alma leve
Voando sobre o pelego
Cavalo do meu potreiro
Mete a cabeça no freio
Encilho no parapeito
Mas não ato nem maneio
Se desencilho o pelego
Cai o banco onde me sento
Água quente e “erva buena”
Para matear em silêncio
Se lembro os tempos de quebra...
Neste fogo onde me aqueço
Remôo as coisas que penso
Repasso o que tenho feito
Para ver o que mereço
Quando chegar meu inverno
Que me vem branqueando o cerro
Vai me encontrar venta aberta
De coração estreleio
Mui carregado nos sonhos
Que habitam o meu peito
E virão morar comigo
No meu novo paradeiro
Se lembro os tempos de quebra...